Você olhou para mim, preocupado, uma ruga
entre as sobrancelhas expressando claramente sua sincera incompreensão.
{Quando você falou que se achava capaz de
decifrar o mundo, mas eu lhe parecia um mistério sem solução, eu quis dizer
"não está estampado em meu rosto, como todos os outros podem ver? não é
meio óbvio demais o que eu sinto?"
Quando você falou que já me conhecia o
suficiente e, ainda assim, esperaria que eu estivesse pronta, eu quis dizer
”por favor, por tudo, não desista de mim”
Quando você falou que já não sabia o que
fazer, eu quis dizer "apenas fique aqui"
Quando você falou que não poderia imaginar qual seria a minha reação se me roubasse um beijo, eu
quis, mais do que nunca, dizer "eu adoraria se o fizesse!"
E, então, quando você
falou que eu era a menina, eu quis declarar, com toda a
franqueza que fosse capaz de reunir, "não, só sou a sua menina"}.
Eu desviei o olhar. Aquilo era torturante.
Por todas as coisas que quis dizer, mas não disse. Temendo que você,
finalmente, entendesse que o mistério-sem-mistério-algum era somente a
reciprocidade de um sentimento, por ora, enjaulado. Que, no fundo, eu queria deixar escapar. Só esperava
pelo momento certo.
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