Nas margens de mim

Está nas margens de mim o que eu tento esconder e não posso, por ser mais forte do que eu. Está nas margens de mim essa vontade súbita de um viver estando ao seu lado, de correr atrás de sonhos há muito abandonados e, então, não abandoná-los nunca mais. Está nas margens de mim tudo o que está cravado fundo em meu coração, toda esta luta entre razão e emoção, onde já não se sabe quem fala mais asneiras. Está nas margens de mim... até mesmo quando a expressão é de brandura ou, melhor dizendo, o disfarce é convincente. Por isso que só me compreende quem me conhece com tudo o que eu sinto, de dentro pra fora. Quem sabe reconhecer o choro contido, o riso espontâneo e o querer ir embora. Há momentos em que fica tudo acumulado e não fazendo muito sentido mas, eu sei, sei que é complicado lidar com coisas abstratas. Não se pode encaixotá-las e mandá-las para o Extremo Oriente, afinal - ou qualquer outro lugar bem longe daqui. E elas ficam só rondando os pensamentos, forçando companhia, segundo após segundo; provocando sensações apavorantes, até que nos acostumemos. Por sorte, já passei dessa fase. De sentimentalismo, já estou calejada.

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