Há muito tempo eu não escrevo

Escrito originalmente em 06 de outubro de 2014

Há muito tempo eu não escrevo. Por que tudo está tão morno mesmo aqui dentro do vulcão? Por onde anda minha sensibilidade, a ânsia de expressar a amarga doçura de um momento qualquer da vida... o ser ou não ser que tanto já me sacudiu? Eis a questão.
Sinto que perdi a manha. Se é que eu já a tenha tido. Talvez eu tenha me perdido... das palavras que embaralhei um dia. Mas ainda pareço sentir a poesia da manhã. Qual manha! Quando os raios de sol me tocam a pele, sinto-me grata por viver. Antes de começar a pensar na radiação ultravioleta e se não seria uma boa hora de passar creme protetor.
É que o medo não vem primeiro... a razão não vem primeiro... a letra “a” não vem primeiro do “Ah!” que me vem sem o comando dos lábios, ultrapassando a possibilidade sufocante do mais ingênuo pensamento.
Eu não me cansei de suspirar pela vida, eu não posso dizer que já vi de tudo ainda. Sequer verei antes da catarata. E viverei sem sequer.
Mas não tendo algo suficiente que falar, expresso-me calando a voz. Aprecio apenas, sem pedir explicações ao Criador ou tentar colocar o “Céu na cabeça”*, porque tudo é sempre belo e inebriante e eu não mudaria nada na perfeição milimétrica do universo.
Há muito tempo eu não escrevo. Mas meu peito está cheio de ar, com a mesma forma abstrata de gás que eu não vejo, mas balança os meus cabelos. E sigo respirando a forma divertida de seus arabescos azuis, como os artistas de aquarelas costumam pintar, porque eles só querem colocar a cabeça no Céu e sorrir. E eu faço assim: Por que não?

* Referência a "Ortodoxia", de G.K. Chesterton <3
* Fiquei triste quando percebi que há mais de um ano eu não aparecia por aqui. 2014 me deixou sem espaço, mas fui eu quem permitiu isso. Em 2015, isso mudará. Não vou deixar mais acontecer.

Feliz Natal a todos!