Permanentemente bagunçado

Às vezes eu tenho muita coisa sobre o que falar, mas não sai, não sai. Talvez eu não seja boa o bastante para expressar tudo isso em palavras, talvez elas cheguem com um tempo e depois, talvez já não façam mais sentido. Eu tento organizar os destroços, abrandar o tumulto, conhecer o meu querer e não adianta, eu quero mil coisas e quero nada. Ora só uma boa noite de sono depois de um dia cansativo, ora uma madrugada agitada numa balada improvisada no quarto. Ora carinho, ora distância de tudo que remeta ao amor. Não me entendam mal, isso acontece com outras coisas bem mais importantes, só que é mais difícil ainda traduzi-las. Quanto maior o problema mais fôlego a gente precisa ter para lidar com ele, assim como um bebê gordinho precisa de mais comida e um gorila de muito mais pencas de banana do que todas que um mico pudesse comer em um mês.
Na verdade, eu preciso de permanência. Basta de sentimentos passageiros que vão embora sem que eu nem me dê conta, preciso do que mede a diferença entre alegria e felicidade: a alegria não é suficiente para suportar muita coisa. Alegria é algo que acaba rápido demais. Estou nesse dilema há mais tempo que o esperado, gostaria de saber o que fazer, e se eu soubesse, acredite, faria de uma vez por todas. Esse estou-afim-e-agora-não-estou-mais torna impossível tomar qualquer decisão e "nós" vamos empurrando com a barriga até chegar o dia em que, sei lá, em que eu possa descansar e afagá-la dizendo "bom trabalho!", até a hora H das decisões e dos indecisos. Onde ninguém poderia simplesmente passar ileso sem falar sobre o que pretende da vida e de todo o resto de descrições necessárias a um perfil decente.
E isso abrange uma miríade de coisas, como eufemismo para tudo. 

Sobre minha segunda família e minha segunda casa

Meu querido e inesquecível 9º ano,

Todas as coisas pelas quais passamos juntos ficarão guardadas na minha memória, talvez não com a mesma precisão de como me recordo agora, mas, e eu tenho quase certeza disso, com o mesmo sentimento de afeição. Vocês fazem tudo valer à pena, são pessoas que a gente conhece num dia e não leva muito tempo até que chamemos de família, alguns diriam que esta ligação é gerada pela convivência, eu sei, não deixa de ser, mas acredito que seja, principalmente, pela nossa disposição em sermos amigos. Amigos que - sabemos tanto quanto sabemos que a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa - podem ou não durar para sempre. Amigos que aproveitaram o máximo de tempo que puderam ter juntos e que agora têm que seguir caminhos diferentes. Amigos que passaram pelas mesmas experiências, pelo mesmo desespero pré-prova, que levaram as mesmas broncas por coisas que fizeram erradas e por algumas que nunca aprenderam a fazer direito. Amigos que brigaram, brincaram, estudaram, riram, choraram, cantaram, e dançaram desde o mash-up de Halo e Walking On Sunshine até Kuduru. E não posso esquecer-me das vezes em que estes amigos entraram em desespero e se revoltaram (com notas baixas ou outras coisinhas mais) e de que fizeram trabalhos tão trabalhosos que no final não restava nem forças para colar os cartazes na parede da escola. Hoje, meus amigos, sinto tanta saudade que até dói só que, se eu estiver certa como acho que estou, saudade nós só sentimos do que foi bom, do que deixou lembranças e mudou o nosso coração, de uma forma ou de outra. 2011 foi o nosso ano, agora somos mais uma turma que faz parte da história do Colégio Sagrado Coração de Jesus e, independentemente do que será daqui para frente, espero que saibam que eu amo vocês. Amo, amo, amo. 

(Texto escrito para o Diário de Bordo da excursão do 9º ano a Morro de São Paulo)