Um soneto

"Oh, flor do céu! Oh, flor cândida e pura!"
Como eu negaria ver tua beleza
E, pela razão, chegar à loucura
Se honro o pão que Deus me põe na mesa?

Oh, flor do céu! Oh, flor bela e amarga!
Tu que me revelas a luz divina
Tanto guia-me, no estreito, a portas largas
Faço a cruz meu petrecho de esgrima

Mas fugisse à sina de te adotar
Recuando um pouco mais a cada dia
Sem risco de sangrar por tua navalha

Seria como um bote à deriva em alto mar
Brindando o orgulho vão que me diria:
"Ganha-se a vida, perde-se a batalha!"

Obs.: Aceitei o desafio do capítulo LV de Dom Casmurro e fiz isso daí. O que um trabalho de literatura não nos faz fazer, não é?
À propósito, Machado para sempre! <3