Originalmente escrito em 17 de outubro de 2010
As ondas banhavam o meu corpo, no vai e vem improvável do
raso do mar, siris dançantes brincavam ao meu redor. Meu cheiro de peixe fresco
em redes de pescador impregnava o ar puro do dia.
A aurora já vinha surgindo e eu sabia que agora
faltava pouco, ele logo estaria lá, brilhando de novo. Ainda que o mundo
continue desmoronando.
Dessa vez, eu estava otimista, nunca havia
tentado numa segunda-feira, afinal. Dessa vez, tinha que dar tempo. Esperei,
ansiosa por um milagre.
Os fios de meu cabelo pingavam água salgada, as
gotas que atingiam meu rosto fazendo o mesmo percurso das lágrimas. Chorar deve
ser assim, pensei.
Dei uma olhada furtiva para trás, quando os
murmúrios ao longe me fizeram estreitar os olhos. Já ficando perto.
Havia um segredo a ser guardado. Mergulhei de volta para
casa.
Minha cauda verde-esmeralda emergiu segundos
depois, deixando uma criança, que viera correndo na frente dos pais, de olhos
arregalados e completamente boquiaberta, com os pézinhos fincados na areia
macia.
Seu maior sonho, diria ela mais tarde.
Mas sereias não existem, retrucariam.
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