Outro lado do mundo

Engraçado como as coisas pelas quais esperamos a vida inteira, enquanto brincamos de faz-de-conta, passam a fazer parte da realidade tão de repente, às vezes quase que à pulso e com uma força totalmente imprevisível, como se quisessem dizer "Ei, acorde! Por que esperou que fosse simples?" ao mesmo tempo que dizem descaradamente "Prepare-se. Agora é para valer!" como se preparar-se fosse algo a ser feito de última hora. Mais engraçado ainda é como algumas vão embora, sem aviso prévio, nem despedidas, nem recado na geladeira, como se um furacão passasse por uma casa, deixando tudo às avessas e levasse todas as coisas que não foram firme o suficiente para permanecer lá dentro, mas nem sequer tivesse parado para olhar o estrago tampouco para apagar os rastros, e porque esperar isso de uma furacão? E daí se dói ou não, afinal?... e esta grande reviravolta tira tudo do lugar, nos deixando a tarefa de limpar a bagunça, varrer a poeira e nos acostumar com o novo ambiente, tão conhecido quanto irreconhecível. É a mesma casa, varanda, o mesmo balanço pendurado toscamente no alpendre; mas socorro - e alguém socorra - ela foi arrastada da Disneylândia ao Extremo Oriente num passe de realidade. Por fim, acabamos cogitando a possibilidade de ficar justamente por causa que qualquer outra possibilidade está fora de cogitação. Vamos nos acomodando dia após dia, a sensação de ter tomado um banho de água fria logo é substituída por outras novas, desconhecidas e intrigantes sensações. E o tempo, fazendo o melhor que sabe fazer, trata de passar e tornar tudo o que um dia foi desesperador em algo de fato engraçado. Aí só nos resta rir.

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