Flecha ao alvo

Eu te vejo e não há questão de tempo até que um sorriso desenhe-se em meu rosto. Um sorriso meio tímido, de quem acaba de sentir uma lufada de vento frio redopiar no oco do estômago; mas sincero, de quem igualmente começa a sentir o peito palpitando de alegria. Simples. Eficaz. Apenas você e os efeitos colaterais que provoca. E a minha única teoria é que sou alvo fácil de um cupido possuidor de uma aljava com número incomensurável de flechas, atento ao menor vislumbre do mais frívolo fio de cabelo seu, o que garante que eu me apaixone de novo e sempre e incontáveis vezes, a cada vez que o vejo. Líquido e certo.
Tudo isso me faz acreditar que ser alvo não é o mesmo que ser vítima. Pelo menos, não quando ser atingido significa passar a ter uma vida repleta de amor ou quando, mais letal que todas as flechas, é o olhar que enfeitiça, as mãos que se entrelaçam, o coração palpável batendo em ritmo de samba-canção à milímetros do ouvido, a proteção dos braços que abraçam...
E, de qualquer forma, a primeira flechada foi tão certeira que me trouxe você. Talvez, tão certeira que também tenha te acertado. Deixa, que nós convivemos com essa dúvida perfeitamente bem.
Eles não entendem mas, às vezes, o cupido sabe o que faz.

Um comentário:

  1. Sempre sabe. A gente tende a amar quem menos espera.
    Abraços.

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